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Autoestima linguística

Você já se sentiu inferior (ou mesmo foi inferiorizado por alguém) enquanto falava em outra língua? Pois saiba que esse fenômeno tem sido chamado de autoestima linguística. Esse fenômeno está intimamente ligado ao preconceito linguístico, um termo cunhado por Marcos Bagno, professor da UNB. Antes de pensar na língua estrangeira, te convido a refletir sobre o português, que imagino ser a sua língua materna.

Peguemos a palavra “porta”. Se esse R é retroflexo (como no inglês), você provavelmente será tido como caipira, alguém que vem do interior. O R considerado “correto” é de alguma região do Sudeste (de preferência de São Paulo capital ou no máximo do Rio de Janeiro), porque é aquele mais usado nas grandes mídias. Faz sentido afirmar, portanto, que esse R “denuncia” o seu status na sociedade, né? O mesmo acontece quando você está falando em uma língua que não é a sua língua materna…

Porém, até dentro da língua estrangeira existem variantes mais ou menos aceitáveis. No caso do alemão, um sotaque afrancesado vai ser mais bem visto que um sotaque mais árabe. Um exemplo você encontra na música Aurélie. E este é o ponto central dessa discussão: preconceito linguístico, nada mais é uma forma oral ou escrita do preconceito. Em outras palavras, ele está ligado ao seu país de origem, ao seu gênero, a sua classe social, e por aí vai.

Sendo assim, você não deve de fato se sentir inferior ou superior a outro falante de uma língua que você está aprendendo, exatamente porque você estará reproduzindo um discurso predatório de exclusão social. Vemos exemplos claros de como a língua molda uma identidade nacional, como é o caso do catalão e do espanhol. Praqueles que estiverem interessados em se aprofundar na discussão, recomendo meu artigo sobre o mito do falante nativo publicado na última edição da revista Projekt. O artigo está em alemão, mas pra quem não conseguir acompanhar tudo, vale a pena assistir à palestra do professor David Crystal (em inglês).

Para ler mais:

Planos para 2024

O último episódio do podcast foi em 2022. Eu estava de mudança de cidade, de mudança de emprego, tinha adotado minha cachorra, e a vida estava...

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