Ainda hoje o estereótipo de um “típico alemão” é daquele representado por um homem loiro de olhos azuis com cerveja na mão durante a Oktoberfest. Mesmo com as ondas migratórias das últimas décadas, tais estereótipos ainda são muito comuns no inconsciente coletivo – e não é à toa (basta perceber a falta de representatividade de pessoas negras na mídia alemã, por exemplo). Afinal, existe xenofobia na Alemanha? Sim, infelizmente. Mas sejamos sinceros, você conhece algum país que não seja xenófobo, pelo menos de maneira velada?
A xenofobia acontece de várias maneiras; ela pode ocorrer com pessoas oriundas do mesmo país, mas de vindas de regiões menos prestigiadas (vide o caso da Suábia e o grafite ao lado). Fenômeno parecido enfrentam muitas pessoas nascidas na Alemanha, cujos pais (avós, ou até mesmo parentes de gerações anteriores) imigraram vindos de outros países, mas que até hoje são perguntadas Woher kommst du eigentlich? (“de onde você vem, de verdade?”, em Português). Assim como no Inglês existe a palavra com N, também no Alemão um termo pejorativo para denominar um grupo social específico é utilizado por pessoas xenófobas.
Durante a minha estadia na Alemanha entre os anos de 2018 e 2019, pude perceber como a inclusão é diferente da integração social. No bairro onde morei (Grünau, na cidade de Leipzig), praticamente só haviam estudantes estrangeiros e famílias com Migrationshintergrund, como costumam ser chamadas. Não por acaso o bairro é considerado perigoso por muitos. Em um país onde a maioria da população ainda é fumante, o morador que redigiu o bilhete da foto acima concluiu que o “culpado” pelo cheiro de cigarro que o incomoda só poderia ser árabe. Vale aqui ler a resposta do rapaz acusado:
Como todo tema considerado tabu na sociedade, é preciso debater abertamente as razões (de ordem política, na maioria das vezes) que levam um grupo à segregar outro grupo minoritário. Como dica, sugiro que leiam a reportagem da Fluter sobre o curioso caso dos estrangeiros que não conseguem alugar apartamentos na Alemanha por causa de seus “sobrenomes árabes”. Caso você seja iniciante, ouça a música Afro Spartana da rapper Leila Akinyi.